domingo, 26 de setembro de 2010
A mágica do amor na conferência de Malvine
Foto: Geraldo Magela.
Malvine Zalcberg, psicanalista carioca, esteve em BH para a conferência Homem, mulher e a contingência do encontro no dia 25/9/2010 na XXVIII Jornada do Fórum de Psicanálise, realizada pelo Círculo Psicanalítico de Minas Gerais.
“A mulher do amor”, como foi chamada por Joaquim Ferreira dos Santos (Gente Boa – O Globo), embarca na próxima quinta-feira para Paris, para o lançamento de seu livro Qu’est-ce qu’une fille attend de sa mère? (Que é que uma filha espera de sua mãe?) - que trata da relação mãe e filha - e para dar palestra na Librairie Lipsy no próximo dia 2 de outubro.
Como se dá o encontro contingente entre um homem e uma mulher?
Malvine se baseou em Lacan para abordar a contingência do encontro amoroso entre o homem e a mulher como consequência da realidade sexual que não existe. A contingência que deve ser compreendida como surpresa, enquanto não certeza. “A contingência do encontro entre dois inconscientes, dois sintomas e duas solidões. O amor é o que torna possível esse encontro contingente”.
Nos debates, Malvine fez uma reflexão sociológica sobre o amor na atualidade, considerando que “não há subjetivação fora da cultura”. Ela apontou os reflexos "da queda da figura paterna como organizador social" – a função simbólica do “pai”, que ordena os membros de uma sociedade por meio da restrição pulsional, está bastante prejudicada hoje. Lacan foi citado: “Toda sociedade tem que frear o gozo”, pois a limitação do gozo é pressuposto da cultura. É o preço que pagamos para nos tornar sujeitos da cultura.
Em uma sociedade comprometida com o gozo, e marcada pelo seu excesso, há muitas outras coisas mais importantes que o amor. Há uma urgência de gozo e compromisso com a sua agenda. Observou Malvine: “O sujeito tem que se tornar objeto de gozo.” A surpresa e sobretudo os riscos do amor não são desejáveis. Há uma preferência pelo amor seguro - pela segurança e conforto que o “amor” pode dar - pelo amor que não ameaça a ordem do gozo.
Nesse cenário de pouca alteridade, de pouca abertura para o outro que traz a diferença, “o amor está ameaçado, embora ele seja fundamental para ‘barrar’ o gozo.” Para Malvine, “o amor é para ser reinventado. É preciso ir contra a segurança e o conforto, e suportar seus riscos.”
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Viviane Campos Moreira.
Postado em Balaio da Vivi
(OBS.: no texto, para acessar o site da Malvine, clique no link, sob Malvine Zalcberg em negrito.)
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Mais: A trama do amor entre o homem e a mulher
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