quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

ESTAÇÃO PRIMAVERA





com lírios do campo perfumei nosso quarto e
com lençóis brancos de algodão
vesti nossa cama e

com fios de mel cobri minha pele
para o seu desejo arder em mim
sem dissolver o meu

despertei meu ser do sono dos vencidos e
de todos os pretéritos e confissões perdidas
em algum lugar

além de mim
posso senti-lo vivo e
encoberto por rasos segredos

em algum estranho tecido
ele se faz em mim
onde nem eu mesma sei

presença sutil em meu semblante de mulher
a espera pulula em mim
não mais dispersa e

não mais distante e sem agonia
meu corpo matura minha alma
no plácido abrigo da lua nova
                                           


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Viviane Campos Moreira em AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS
Poema da série PRIMAVERA NO AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS

Postado no videbloguinho

*Peça de Acácia Azevedo - Blog

Mais: PRESENTE DA PRIMAVERA

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O mistério da crônica


Felipe Peixoto Braga Netto.


Entrevista que eu fiz com o Felipe Peixoto Braga Netto no site Amálgama.

Um papo muito interessante sobre crônica. Sobre a "falta de mistério" da crônica. A entrevista não é uma receita para escrever bem - claro que não. É uma conversa sobre este gênero bem brasileiro, sobre o despertar do Felipe para a escrita de crônicas - não é curioso que um autor escolha um determinado gênero literário? Por que crônica e não poesia, por exemplo? Como se explica essa escolha?

Felipe conta pra gente como elegeu a crônica como seu gênero. Fala também sobre a importância da leitura - as influências do leitor no autor -, sobre o olhar observador de quem escreve. E muito mais...

Felipe é autor de várias obras de Direito e do livro de crônicas "As coisas simpáticas da vida".

Acesse a entrevista aqui.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

A culpa é do Facebook!

Embora a culpa esteja em baixa, se é que ela sobrevive ainda ao jogo do empurra-empurra, melhor réu não há pra ser julgado culpado do que o Facebook. Ele é o culpado por nos distrair nas migalhas de tempo livre que nos sobra. Nos minutos em que não temos nada pra fazer, ou nos intervalos do corre-corre pra lá, pra cá, entre responsabilidades, prazos e afazeres domésticos, ou no estresse dos engarrafamentos, do liga-e-liga-de-novo-e-mais-uma-vez para celulares fora de área, ou desligados, ah! entre sessões de fisioterapia, acupuntura, massagem, pilates… e na tortura da fila de espera para marcação de consultas médicas – “Horário com o doutor, só pra daqui a três meses e olhe lá! Nem encaixe mais dá pra fazer!” E, no meio de tudo isso, ou antes disso tudo, ou no final, o que há?

Teclas sob o comando de nossas mãos. Cliques ou toques aqui, ali, e janelas são abertas. Abra-te Sésamo e… aparece o Facebook, com imagens e mais imagens e frases e mais frases. Algumas mirabolantes, atribuídas a autores que não disseram o que dizem que eles disseram. Risos de nervoso, diante da impossibilidade de tal autor ter expressado aquele pensamento, com aquela linguagem, porque aquele autor viveu em outra época, bem diferente desta da internet. Sorte a dele? Nem sei. Mas, no Facebook, grandes escritores estão bem vivos e vivendo uma vida extra – muito além da que eles viveram. Drummond, Clarice, Fernando Pessoa – imaginem! – dão conselhos no Facebook. Logo eles que jamais deram dicas sobre como viver bem. Eles apenas fizeram literatura. E da boa.

O velho hábito de procurar o culpado… E vamos tocando o barco. Ou melhor, ajustando a cadeira à tecnologia, o corpo à tecnologia, a visão à tecnologia, o tato à tecnologia, a concentração à tecnologia, a curiosidade à tecnologia e, assim, nos encontramos no Facebook.

Como é gostoso ver os amigos, sobretudo os mais durões, se renderem ao Facebook. A cada dia, um se rende, e o mais divertido é ler depois no status: “Atendendo a pedidos, tou no Facebook!” Ou: “Tive que entrar no Facebook. Paciência!” E: “Já que todos os meus amigos estão no Facebook, eu não serei o único a ficar de fora!” Como se fosse uma fuga em comboio, da noite pro dia, para um lugar diferente. Sem falar nos rendidos contrariadíssimos: “Olá! Add o mais novo babaca, por favor!” E há muitos como eu que decidem entrar no Facebook por causa de um amigo que, afetuosamente, nos convence sobre as suas vantagens como mídia social – seria esta a minha justificativa, a propósito?

Entre frases e frases, uma eu curti muito: “A inveja tem Facebook!” Achei esta genial – como está na moda dizer. Depois, pensei: como você é marinheira de primeira viagem. Ora, claro que a inveja tem Facebook! Imagina se a inveja não teria Facebook. Como não? Ela não só teria como não seria a última a ter, sua boba. Talvez ela tenha sido a primeira a tê-lo. E muito empolgada, acabou se tornando sua parceira.

Seria a tal “inveja boa”? Confesso que eu não faço a mínima ideia do que seja, ou possa ser, inveja boa, mas também me pego dizendo, vez por outra: é inveja boa! Pois é ela, a inveja boa, que faz a gente olhar, sem querer, o que fulano, beltrano, sicrano fizeram ou andam fazendo no Facebook. Vemos o que todo mundo faz porque se está lá é pra gente ver quem curtiu o quê, quem comentou o quê – é pra ver, entendeu? Sim, Sra. inveja boa, eu entendi, perfeitamente.

E a famosa curiosidade feminina, a vilã dos conflitos entre mulheres e homens? A eterna culpa de Eva? É muito interessante ver que os homens são, no Facebook, tão curiosos como as mulheres. E igualmente curiosos. Curtem coisas que, antes, só as mulheres curtiam, ou diziam que curtiam. No Facebook, homens e mulheres se parecem bastante e curtem muito as mesmas coisas. Os mesmos lugares. Os mesmos livros. Os mesmos times. Os mesmos músicos. As mesmas divas. Os mesmos poetas. Os mesmos estilistas. As mesmas grifes. As mesmas baladas. As mesmas cenas de cinema. As mesmas pizzarias. E o melhor, nem sei, os mesmos sabores de pizza! Quem sabe? Coisas do mundo mágico do Facebook. Dá pra entender por que o Facebook tem sido apontado como o pivô de separações e divórcios?

Lembrou-me a personagem Anna, do filme A culpa é do Fidel, uma francesinha bem adaptada ao seu mundo burguês, que não queria saber dos ideais dos pais. E quando sua babá cubana lhe diz que todas as mudanças que estavam acontecendo eram por causa do Fidel, a garotinha de nove anos de idade conclui que o culpado pelo seu mal-estar era o Fidel. Ela, que temia conhecer a causa pela qual os pais lutavam, interpreta a fala da empregada como verdade, e vendo, a certa distância, o que se passava ao seu redor, sem, no entanto, se envolver, defende-se do engajamento dos pais. Assim, ela não compreende a luta deles, sobretudo os princípios e os direitos por que lutavam.

Momentos. Revelações. Surpresas. Fotos de velhos amigos que não vimos mais, nunca mais, mas nunca mais mesmo e, de repente, nos achamos no Facebook! É. O Facebook também tem disso. E, curiosamente, há o #prontofaleifaleifaleimesmoedaí? Quando alguém manda um recadinho para outro alguém, que não conhecemos, mas supomos que, para aquela frase, há um destinatário de carne e osso, embora anônimo – assim, a carapuça pode servir para uma montanha de gente? Nunca se sabe.


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Viviane Campos Moreira
Crônica publicada no Amálgama.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS 2012





Esta história começou comigo, Fernanda, Luska e Vânia falando do amor – dos nossos pedaços de amor. Inventados. Vividos. Sonhados. Porque desejávamos falar dele, do amor. Do nosso arrebatamento. Atrevimento. Do modo como o sentimos?

Amor que não se explica. Mas o amor é só um nome, entre tantos? Acreditamos que não. Românticas? Excêntricas? Inadequadas? Engraçadas? Dramáticas? Curiosas. O amor nos chamou e nós o seguimos. Nos perdemos? Nos redescobrimos? Sobrevivemos.

Desejo. Tédio. Raiva. Medo. Ilusão. Frustração. Solidão. Fantasias. Devaneios. Amor demais. Amor de menos. Ou simplesmente amor? Amor em pedaços.

Daí o amor chamou a Marina. Depois o Fernando… E agora, a Aninha e também o Bruno. Vieram todos. A vontade do amor foi atendida. E também os seus apelos e caprichos.

O AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS* está de volta com um poema novo toda sexta-feira no videbloguinho. Contamos também com a colaboração de Ma Ferreira e Acácia Azevedo – com imagens de suas peças de cerâmica que enfeitam nossos poemas.

Venha com a gente. Pode sangrar, doer ou ser divertido!


*Idealizadora e coordenadora: Viviane Campos Moreira.