quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Uma outra linguagem



O que somos? Quem somos? De que somos feitos? Por que somos como somos? De que matéria nos constituímos? Onde nos perdemos de nós mesmos? Onde nos (re)descobrimos? Onde nos (re)conhecemos? O que percorre nossos corpos? O que escapa dos nossos sentidos? O que nos devolve a nós mesmos? O que nos une? O que nos separa? Algo que não sabemos o que é - saberemos? Por que tanto estranhamento? Estranhamos o que não conhecemos - conheceremos? Há muitos mistérios a desvendar na linguagem que desvela algo do inconsciente... Quem se habilita?

Para curiosos, estudiosos, pesquisadores - psicanalistas ou não - o Círculo Psicanalítico de Minas Gerais (CPMG), em celebração aos seus 50 anos, realizará, ao longo do ano, vários eventos, entre eles, a Semana de Psicanálise, iniciando as comemorações, nos dias 6, 7 e 8 de março, com mesas-redondas e palestras sobre os temas: "Os últimos 50 anos de Psicanálise", "O que se faz quando se faz Psicanálise?", "Sublimação".

Informações: aqui

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sarau no Circuito da Praça da Liberdade

Adélia Prado
 
 
O Sarau do memorial começou com a poeta Adélia Prado, em 27/1/2013, no Memorial Minas Gerais Vale do Circuito Cultural Praça da Liberdade. O sarau será realizado uma vez por mês e receberá os poetas Ricardo Aleixo (24/2/2013), Guiomar de Gramont (março), Jorge Emil (abril) e Luciana Tonelli (maio). De acordo com Wagner Meriji*, curador do sarau, "apesar da tradição de nossa força na área, a poesia ainda enfrenta problemas tanto de mercado quanto no dia a dia."
 
Os saraus serão realizados no espaço Casa da Ópera, inspirado na homônima, da antiga Vila Rica (Ouro Preto/MG), às 11h e às 13h, com entrada franca.

*Fonte: Estado de Minas - Cultura - 18/1/2013, p.4.
 
Memorial Minas Gerais Vale
Praça da Liberdade, esquina com Rua Gonçalves Dias
Mais informações: www.memorialvale.com.br
 


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ruim para os peixes

O tempo não tem margem
Chagall
 
 
"Pesquisadores da Universidade de UMEA*, na Suécia, conseguiram mostrar que peixes expostos a um moderador de ansiedade bastante consumido pela população tiveram alterações no seu comportamento. Um grupo de peixes percas foi exposto a doses de oxazepam correspondentes às encontradas em águas de áreas densamente povoadas na Suécia. Os peixes foram comparados a cobaias que não entraram em contato com a droga. De acordo com o estudo, mesmo pequenas quantidades da substância diluída fizeram com que os bichos passassem a comer mais rapidamente e a correr riscos desnecessários.
 
Normalmente, as percas vivem e caçam em grupo, uma estratégia desenvolvida pela espécie para garantir a sobrevivência. No entanto, os peixes que tiveram contato com a droga se mostraram destemidos e menos sociais, deixando seus grupos para procurar alimento por conta própria - um comportamento que os torna mais vulneráveis a predadores. E as esquisitices observadas pelos cientistas não param por aí. Ao encontrar alimento, as percas intoxicadas comeram muito mais rapidamente que seus pares. 'Mudanças no comportamento alimentar podem perturbar seriamente o equilíbrio ecológico. (...) Nas águas onde os peixes começam a comer de forma mais eficiente, a composição de espécies pode ser afetada e levar a efeitos inesperados, como o aumento do risco de floração de algas', conta Tomas Brodin - integrante da equipe de pesquisadores.
 
Como se dá a contaminação das águas - o medicamento ingerido exerce sua função no organismo e é excretado pelo corpo. Daí a droga passa pelas estações de tratamento e esgoto e é descarregada em cursos d'água. O processo se repete em todos os cantos do mundo, diluindo uma enorme quantidade de substâncias sintéticas em rios e lagos e, possivelmente, chegando de volta às residências.
 
A oxazepam é uma droga usada no tratamento psiquiátrico da ansiedade. Ela não é modificada ao deixar o organismo, e resíduos de seu consumo muitas vezes acabam em ecossistemas aquáticos próximos a usinas de tratamento de esgoto.
 
A pesquisa foi apresentada no encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência - AAAS - sociedade científica e editora da revista Science."
 
*Fonte: Estado de Minas - 15/2/2013 - p.16.
 
 
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E aí?


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O GOSTO DO AMOR


 
Amor, filme de Michael Haneke, conta a história de um homem e de uma mulher, companheiros e amantes, que envelhecem juntos.

Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva) são octogenários, independentes, realizados e vivem em Paris, em um apartamento habitado por música, livros, discos, quadros, boas lembranças, bom papo e desejo.

O  homem apaixonado não deixa de dizer à mulher o quanto ela está linda. A mulher apaixonada não deixa de escutar o elogio.  O amor de Georges por Anne e de Anne por Georges está presente nos cuidados de um com o outro em um cotidiano que se transforma radicalmente.

Eles tornaram o amor uma presença suave no café da manhã, nas tarefas da casa e na conversa. Um amor com o gosto do prazer de amar. Eles amam o amor que inventaram e vivem esse amor, com certa exclusividade. 

Anne adoece e Georges está junto. A dor de Anne é também a dor de Georges. Anne sabe disso e gostaria de poupá-lo. Ela sabe que a bela vida em comum vai perder o que conseguiram construir. Cúmplices,  passam a viver esse momento de fragilidade diante de uma doença sem cura nem melhora.

Eva (Isabelle Huppert), a filha única, se relaciona com os pais com distanciamento. O amor dos pais, um amor de homem e de mulher, um amor vivido com o corpo, um amor que soube se reinventar várias vezes ao longo da vida, parece não ter inspirado Eva.

Em uma cena, Georges demite uma cuidadora que maltrata Anne. Não basta que deem banho, penteiem o cabelo, escovem os dentes e deixem sua Anne pronta, cheirosa e bonitinha no quarto, ou na sala de estar. Georges não é um homem que brinca com a dignidade. O que isso diz? E a quem diz?

Talvez nos diga, a cada um de nós, que os velhos precisam de mais proteção dos seus. A Justiça vem sendo buscada para responsabilizar quem não se julga responsável, ou para dar solução a conflitos que poderiam ser resolvidos sem a interferência do Estado, ou para dar uma resposta a algo que o sujeito não dá conta na sua relação com os pais.
 
A última cena silenciosa traz o vazio no apartamento com Eva no lugar de herdeira. O que a filha, como mulher, vai escolher herdar da sua mãe?

Todos teremos que enfrentar o fim. Talvez a finitude nos torne cúmplices de Georges e Anne. A vida deles foi bela, pelo menos.


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Viviane C. Moreira

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

e-revista Mucury


Saiu a edição n. 9 da revista eletrônica Mucury que traz poesia, artigos, ensaios, fotos, mesclando temas variados, sem deixar de fora histórias da região do Vale do Mucuri (Minas Gerais).  O editor Bruno Dias Bento conta  aqui como a revista foi criada. Algumas histórias bacanas começam assim, com coragem, garra e apostas. Desejo ao Bruno e a sua equipe mais sucesso.

Participo desta edição com meu texto Sexualidade Formal? - em homenagem ao Grupo de Estudos, coordenado pela psicanalista Inez Lemos, em Belo Horizonte - e com meus poemas Mau-olhado, Tempo de Recompor,  A Pesca, que têm em comum um traço de religiosidade e falam da força misteriosa da natureza e da fé que se renova no contato com ela e com suas divindades. E  também estão presentes, nesta edição, meus poemas Terna Promessa e Buraco na Agulha que falam do amor que por vezes nos escapa e, em outras vezes, acontece mesmo só de vez em quando.


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Ah, faltou dizer que a revista ficou linda de viver!

Revista Mucury n.9: aqui