segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

CLAQUETE 20



quem

falta

não

faz

falta


*

Viviane Moreira

claquete 20 em balaiodavivi.blogspot

:: série fim do mundo ::

imagem: maquete do castelo de Kronborg - Helsingor (Dinamarca)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

CLAQUETE 2

 


o jardim

quero ficar 

com ele um ato

falho no fim

do mundo


*


Viviane Moreira

claquete 2 em balaiodavivi.blogspot

:: série fim do mundo ::

imagem: maquete do castelo de Kronborg - Helsingor (Dinamarca)


terça-feira, 24 de agosto de 2021

TRÊS GOTINHAS DE ADOÇANTE




esse papo de falo não dá 
não quero ser seu fado 


*

Viviane Moreira 

três gotinhas de adoçante em balaiodavivi.blogspot

:: série Amor em Pedaços & Versos ::

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

CINEMINHA MUDO



importa sim que você veio
duas cidades me disseram isso
uma delas, Paris
 
*
 
Viviane Moreira 
cineminha mudo em balaiodavivi.blogspot 
imagem: Museu d'Orsay - Paris

sábado, 3 de julho de 2021

UMA SEXTA



ou um sábado ou um domingo ou mesmo uma segunda-feira
em uma cidade que meu pai queria muito conhecer
um lugar longe uma viagem em 2018
tão distante
estávamos eu meu pai irmã sobrinha
havia uma italiana alegre como costumam ser os italianos
não era a garçonete que nos atendia era uma outra
que ao passar entre as mesas ouviu nossa conversa
aproximou-se e nos perguntou se éramos
mineiros - nós
por acaso somos
perguntei se conhecia Minas
ela por acaso namorei um mineiro
nós ah
ela sim e passei um bom tempo indo e vindo
ah sinto saudades de Minas
eu mas de onde você é
ela de Veneza
e o que te trouxe para Oslo foi um outro amor
ela não
o dinheiro
 
*
 
Viviane Moreira 
uma sexta em balaiodavivi.blogspot 
imagem: Oslo - Noruega

sábado, 24 de abril de 2021

TALVEZ NO FIM DO MUNDO

 

                                                                     Collage 4/6

com celular pendurado no pescoço dentes clareados queixo simétrico testa lisa quadrada nariz que duvida do cheiro cabelo castanho bem cortado com cachos domados um topete teenager divertido sorriso de macho novo olhos molhados um vermelhinho não sei onde orelhas bem feitas dedos compridos não são bonitos cotovelos de quem gosta de cotovelos hidratados com uma mochila roxa nas costas meio fechada meio aberta com setas douradas e mais coisas nas costas de colete amarelo t-shirt branca estampada com asas abertas em silk azul claro para fora da calça jeans com barras dobradas sem relógio sem boné porque nunca usa boné nem camisa de time de futebol nem sapatos enfim chega Eros: posso?

*

Viviane Moreira

talvez no fim do mundo em balaiodavivi.blogspot

:: série fim do mundo ::

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

RETINTA

Collage 1/6

com El Greco e Matisse 
no mesmo verão
contra a morte

*

Viviane Moreira
retinta em balaiodavivi.blogspot

:: série fim do mundo ::

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

UM BONSAI NA JANELA


Collage 2/4

O relógio azul-calcinha sobre o micro-ondas na quina da bancada onde eu cresço sem me podarem marca 6h45. Ela chega.
 O barulho da água, o primeiro som do dia.
 Ela enche a chaleira para fazer o café.
Nenhum cãozinho na cena.
Às 8h15, chega a loura que trabalha aqui e me dá "bom dia" e mais água do que preciso. Sempre.
Transbordo.
Depois do meio-dia, ela passa por mim mas nem te ligo e fala com a loura que "água demais afoga, entende?"
 Tarde longa com a loura e o telefone e a bina.
 "Quer apostar que são eles? Lembra-se do 11? Aquele que falou 'tia, vim passar o Réveillon contigo'. Achei que era um amigo paulista e dei corda, mas quando ele disse meu nome, quando ele disse, me dei conta de que não estava falando com meu amigo porque esse meu amigo só me chama de Lora. E o 85, o cearense? Disse que eu tinha ganhado na loteria sem eu ter jogado e quase acreditei."
 Por volta das 15h45, a loura já foi embora.
Nenhum cãozinho comigo. Não sei por que me queixo da falta de um cão. Como seria o olhar dele para mim? Faz dez anos que estou no mesmo lugar.
 Entre as 19h e as 19h30, ela passa por mim nem te ligo de novo. Vai ler os recados e checar os e-mails.
   Depois das 22h, ela me refresca com jatinhos de água, cochicha comigo e arruma minhas folhas como se penteasse o cabelo da cor de mel.
 O invisível pisca com o calor do gesto.
 Ela entende o que não digo?
 Só sei que cresço e cada dia mais eu cresço e já não sei o que sou.
 
*
Publicado em Jurema, este meu.
Obra coletiva com contos e poemas sobre o cotidiano, com edição e organização de Carina Gonçalves.
    Projeto gráfico de Elza Silveira, ilustração da capa de Guilherme Toledo, revisão de Diogo Rufatto.
Impressões de Minas Editora, Selo Leme. 
Belo Horizonte (2019).
 
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Mais sobre Jurema, aqui: 
https://balaiodavivi.blogspot.com/2019/02/jurema-o-livro.html