domingo, 25 de março de 2018

Medeia e o indomável

Debora Lamm


Medeia chega até nós, espectadores, e diz que precisa ser escutada.  

Uma estrangeira com febre que não nos poupa das suas próprias contradições. Também não nos convoca a nos posicionarmos a favor de seus argumentos ou contra eles. 

O mito está entre nós e fala da condição feminina hoje. Através do tempo, Medeia conversa com a mulher, para além da maternidade. Medeia aponta para a potência do indomável. O indomável capaz de mudar a história. É mesmo o destino o que damos o nome de destino? 

Caberia às filhas de Medeia se indagarem a respeito do "pai". Quem é o "teu pai"? Aquele que faz as leis e a justiça para todos? Numa sociedade marcada profundamente pela ausência do pai real, esperar pelo "pai", esse que vai trazer a justiça, a igualdade e direitos seria mesmo o destino de suas filhas? 

O mito conversa com cada uma de nós, mulheres do século XXI. O mito febril no teatro, um dos melhores lugares para se estar com ele e com a sua voz.

De acordo com a autora Grace Passô, o estupro, o aborto e a naturalização da ausência do pai seriam hoje três tragédias na construção social das mulheres.


*

Mata teu pai, espetáculo da Cia OmondÉ.
Com Debora Lamm.
Texto de Grace Passô.
Direção de Inez Viana.
No Sesiminas, em Belo Horizonte, dias 24 e 25 de março.

quinta-feira, 8 de março de 2018

Dia das mulheres

Paul Klee
A ilha submersa

Por um dia das mulheres consciente das estatísticas sobre mulheres. 
Para as brasileiras, ainda há muitos direitos a serem conquistados. O primeiro deles que permanece fora do nosso próprio discurso, sobretudo quando o terceirizamos: o direito à liberdade sobre o próprio corpo. 
Sem este direito, por mais que avancemos, permanecemos presas numa sociedade muito atrasada por cujo atraso respondem, com a própria vida, algumas mulheres especificamente. Assim, a desigualdade não recua entre nós e a crueldade não tem fim.
Por um dia das mulheres consciente das estatísticas sobre mulheres. De repente, esse dia pode ser hoje - por que não?
Mais um 8 de março...



Uma convidada minha para este 8 de março também. Não apenas minha, mas de muitas mulheres. Ela que escreveu A convidada, seu romance de estreia, e foi a convidada da personagem Violette Leduc no filme Violette. 

Um pouco dessa história que fala do encontro entre as escritoras Simone de Beauvoir e Violette Leduc, aqui.