domingo, 2 de janeiro de 2022

BRANCOS EM COPACABANA

 


Montparnasse, uma palavra comprida como Copacabana, mas nunca vem fácil como Copacabana.

As imagens do lugar vêm e o lugar vem com a força dos livros desde quando a palavra ressoou em mim pela primeira vez.

Um professor do direito, que adorava prova oral, dizia que o branco era coisa de aluno que não estudava. Como assim? Prova oral é só uma prova.

Acontece de a gente saber exatamente em que livro a palavra está e em que parte do livro ela está e a gente até sabe por que a palavra está lá, mas ela não vem.

Por exemplo, Montparnasse está nas obras de Simone de Beauvoir. Lembro-me da palavra em uma obra do Hemingway - citado por Simone como uma influência - e conheço Montparnasse, não toda, com meus próprios pés, mas quando preciso dela, ela não vem. Dá branco.

As leituras, as paisagens, as ruas, o vivido ou o sonhado estão submersos no meu branco. Estão ali em um lugar que vai para o semblante do outro.

Sim, o branco é meu, no entanto, está no outro que me olha com a textura da mancha do branco.

Por que uma palavra escolhe aparecer pra gente no branco?

Não sei, mas pensei em reler A força da idade - capa dura - da Simone, claro.


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Viviane Moreira

brancos em copacabana em balaiodavivi.blogspot

:: série fim do mundo :: 

imagem: Avenida Atlântica - Rio de Janeiro