sábado, 11 de janeiro de 2014

QUÍMICA


haja rivotril
pro nosso amor senil

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Viviane C. Moreira em AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS
*Peça de Acácia Azevedo: Blog

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sábado, 4 de janeiro de 2014

O corpo amado

Milena Jokic
 
Será que o nosso corpo amado deixa de ser o nosso corpo amado porque envelhecemos? Ou quem ama seu próprio corpo, ama-o aos 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50...? Pois não é o m e s m o corpo amado?
 
Penso que não há como deixar de amar o corpo que se constituiu amado, porque ficamos velhos. Este corpo que se constitui amado é o mesmo corpinho que foi (é) amado desde a infância... É o mesmo corpo que nos singulariza. E amamos esse corpo desde a infância. 
 
A botinha que usamos, na infância, para corrigir o "pé torto"... Quando adultos, constatamos que continuamos a pisar torto, nem por isso deixamos de amar esse pé que pisa para dentro: o "pé torto" da infância. Amamos esse pé que toca o chão "errado" e estabelece com ele uma relação torta. Como não amar esse pé que tomba para dentro? Um pé diferente. Torto. Rebelde. O pé amado.
 
Usamos a bota ortopédica na infância para corrigi-lo porque o amamos. Depois, quando adultos, continuamos a pisar torto e amamos a bota que não corrigiu o "pé torto": a botinha que foi vencida por ele.
 
Como não admirar o pé que vence a bota ortopédica?
Como não amar o corpo que vence a forma?
 
Abaixo, um recorte do texto "Perspectiva 2014: a nova velhice" da antropóloga Mirian Goldenberg que fala sobre a "bela velhice".
 
*
 
“Eu tenho um sonho que um dia o velho será considerado lindo, e que todos nós poderemos viver em uma nação em que as pessoas não serão julgadas pelas rugas da sua pele e sim pela beleza do seu caráter. Livres, enfim! Somos livres, enfim!”.

Acordei de madrugada repetindo alegremente a frase: “Somos livres, enfim!”. E com vontade de ir para Copacabana me manifestar gritando: “Eu também sou velha!” e “Velho é lindo!” “A beleza da velhice está exatamente na sua singularidade. E também nas pequenas e grandes escolhas que cada indivíduo faz."
 
Uma semana depois do sonho, participei de um congresso internacional de moda no Rio de Janeiro. Nele, afirmei que o mercado continua reproduzindo as imagens dos velhos do século passado e não enxerga os “novos velhos” e as “novas velhas” que têm projetos de vida, saúde, amor, felicidade, liberdade e beleza. Convoquei o público do congresso a mudar essas representações negativas e participar da campanha “Velho é lindo” e “Velha é linda”.
 
Contei que muitas mulheres que tenho pesquisado, de mais de 40 anos, dizem que são ignoradas pelo mercado. Além de se sentirem invisíveis -- ou “transparentes”, como elas se percebem, pois não são mais olhadas ou elogiadas como quando eram mais jovens -- dizem que não encontram roupas adequadas para a sua idade.
 
Uma nutricionista de 47 anos disse:

“Sou magra e tenho um corpo bonito. Fui comprar uma calça jeans de uma marca famosa e a vendedora olhou para mim dos pés à cabeça como se dissesse: ‘Não temos roupas para velhas. Não queremos a nossa etiqueta desfilando em uma bunda de uma velha ridícula e sem noção’. Saí de lá arrasada, me sentindo uma velha ridícula”.

Outras querem se diferenciar das adolescentes, mas não querem se vestir como velhas. Uma professora de 41 anos contou:

“Não posso usar os mesmos jeans das minhas alunas. Tento encontrar um jeans que não seja colado e de cintura baixa, mas é impossível. Não quero parecer uma garotinha, mas também não quero parecer uma velha. As opções para uma mulher da minha idade são horrorosas”.

A grande dúvida é a de como se adequar à idade sem abrir mão de roupas bonitas. Elas mostram que o mercado está voltado para as mulheres jovens e magras e exclui aquelas que não se enquadram ou não aceitam essa padronização.

Uma arquiteta de 56 anos afirmou:


“Sempre usei biquíni e minissaia. Agora não posso mais? Adorei quando a Betty Faria, depois de ter sido cruelmente criticada e chamada de ‘velha baranga, velha ridícula, sem noção’ por usar biquíni aos 72 anos, disse: ‘querem que eu vá à praia de burca, que eu me esconda, que eu me envergonhe de ter envelhecido?’.”
 
Em uma entrevista sobre a passagem do tempo, a atriz Marieta Severo, de 66 anos, disse:
 
“Vejo tanta gente preocupada em colocar botox na testa, eu queria poder colocar botox no cérebro. Tenho verdadeiro pavor de perder a capacidade mental, é isso o que mais me assusta quando penso na velhice. Quero ser uma atriz velha com capacidade de decorar um texto, quero ser lúcida na vida e na família”.
 
Como mostro nos meus livros, artigos e palestras, a “bela velhice” não é um caminho apenas para celebridades. A beleza da velhice está exatamente na sua singularidade. E também nas pequenas e grandes escolhas que cada indivíduo faz, em cada fase da vida, ao buscar concretizar o seu projeto de vida e encontrar o significado de sua existência.

De biquíni ou de maiô, minissaia ou calça jeans, salto alto ou sapatilha, o que interessa é que somos cada vez mais livres para inventar a nossa “bela velhice”. E para mostrar, aos velhos de hoje e aos velhos de amanhã que “velho está na moda!” e, mais ainda, que “velho é lindo!”."


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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

AMOR NEOLIBERAL

haja i-phone
pra tanta fome

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Viviane C. Moreira em AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS
*Peça de Ma Ferreira: Blog

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