terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Boas Festas


Todas e mais todas as gostosuras em 2015.
Um belo final de ano e um Natal simplesmente feliz.

*

Logo, logo estaremos de volta.

domingo, 23 de novembro de 2014

Bienal Piores Poemas 2014



Os poemas devem ser enviados até 28 de novembro, com título, pseudônimo, nome completo do(a) autor(a), e-mail e telefone para bienaldospiorespoemas@gmail.com

Realização da Bienal dos Piores Poemas (BPP): Grupo de Oficcina Multimedia (GOM): http://oficcinamultimedia.com.br/v2/

Blog: http://bienaldospiorespoemas.blogspot.com.br/


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Poesia - exposição


"A mostra ilustra a trajetória da poesia brasileira a partir de seu início, no século XVI,  e as transformações ocorridas em cada momento histórico, até as produções contemporâneas."
Horário: segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 18h; quinta-feira, das 8h às 20h; sábado, das 8h às 12h.
Local: Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa/Anexo Professor Francisco Iglésias.
Endereço: Rua da Bahia, 1889, 3º andar.
Até 4 de novembro.
Mais informações: (31) 3269 1232

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O gesto de Rodin

Museu Rodin - Paris


Saboreando vagarosamente os jardins do Museu Rodin, em Paris, nesse verão, em um de seus belos cantos, entre esculturas monumentais, fui capturada pelo gesto de uma delas. O que pode um gesto?
Um corpo de homem. Um corpo: matéria. Uma mão se estende no espaço. E, num gesto largo, parece nos convidar a caminhar, a seguir com esse corpo.
Um corpo de homem que está do nosso lado. Um corpo esculpido de homem entre homens. Um corpo que não está em cima de um pedestal nem cercado por um gradil. Um corpo em contato com outros corpos simplesmente. Um corpo que está junto do corpo do espectador: um corpo entre corpos. Um homem entre homens. Um homem entre as mãos daquele que o criou e os olhos de quem o seu corpo esculpido é dado a ver. Um corpo entre dois corpos: o do seu criador e o do espectador.
Um corpo de homem que está do nosso lado realmente. Um corpo esculpido com realismo. Um corpo que expressa a “pele” humana. Um corpo que representa a “carne” que constitui todo homem e toda mulher. Um corpo de homem esculpido com a matéria que nos faz humanos.
Um corpo de homem em que a beleza não se esgota na forma. Um corpo em que a beleza não é dada para o nosso prazer visual somente, mas para além da fascinação do olhar que se prende e se fixa na miragem da forma perfeita, pois há uma segunda beleza a se descobrir – uma beleza em segundo plano, em seguida, na cena seguinte. Uma beleza num corpo de homem cuja estética vai além da forma perfeita dos padrões clássicos. Um corpo em que há uma segunda beleza: a não idealizada porque belo é o corpo humano, o corpo feito de matéria humana.
Um corpo de homem com um corpo de linguagem não domado pela forma idealizada. Um corpo de homem esculpido com a linguagem de seu criador ao lado do corpo do espectador com a sua própria linguagem. Um corpo de linguagem entre corpos de linguagem. Um corpo de linguagem que se dá a outros corpos de linguagem, mas avisa: meu corpo é humano. E, entre os corpos de linguagem, Auguste Rodin (1840-1917) que desprezava o idealismo.
Um homem detrás do homem. Um homem detrás do corpo de linguagem esculpido por ele. Um homem entre o corpo de linguagem esculpido por ele e os corpos de linguagem aos quais o corpo do homem é dado a ver. Por que a mão aberta estendida no espaço, Rodin? Talvez a pergunta não seja por que, mas para quê.
O que não foi dito, como num poema, fica para o espectador dizer. Fica para uma conversa subjetiva naquele que não vê o que não lhe foi revelado para que assim, e somente assim, possa ver. Possa depois dizer. Possa depois significar. Possa depois, no seu próprio corpo de linguagem, experimentar o significado que não é dado pelo criador, mas por ele mesmo com a sua subjetividade, pois há um sujeito bem vivo no corpo esculpido por Rodin que não nos deixa passar por ele inadvertidamente. Que sujeito é esse?
Um sujeito que não desdenha a subjetividade, talvez. Um sujeito atravessado pela subjetividade no seu próprio corpo. Um sujeito com suas marcas dentro de um corpo e que por meio dele se dá ao outro. Um sujeito que talvez saiba que tristeza e dor não estão fora da vida, pois pertencem à matéria que o faz ser humano e não outra coisa. Um sujeito que talvez aceite que o homem nem sempre sabe o que fazer com seu desamparo e também não sabe o que fazer depois da queda, nem sabe, sobretudo, se há o que fazer. É da vida o corpo de linguagem tombar, em algum momento.
Um sujeito-homem que sabe da sua dor. Um homem que se permite expressar a sua dor. Um homem cujo semblante estampa a matéria de que seu corpo é feito. Um homem-sujeito da sua dor. Talvez o homem representado por Rodin saiba que não há como alcançar um ideal de masculinidade nem como viver a vida que se tem para viver como homem idealizado. Ele prefere a dor de ser humano. Prefere não se engessar numa forma de super-homem porque ela não o protege da queda. E, nem por isso, no tombo, ele deixa de ser homem.
A mão que corta o silêncio do espaço no tempo do Rodin e no nosso tempo me levou a pensar na temporalidade desse homem. Hoje, como ele estaria diante da virtualidade entre corpos que não são corpos, mas imagens de corpos? Entre faces que não são faces, mas imagens de faces? Talvez esse homem ficasse atordoado com o contato intermediado pelo touch entre imagens de faces e imagens de corpos. Talvez nem entendesse tanta virtualidade entre as faces e os corpos.
E Rodin talvez se divertisse muito com nossas faces nas redes sociais. E o que diria da estética do selfie? Selvagem permanece o espelho entre o corpo humano esculpido por ele e o corpo do espectador.
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Viviane C. Moreira
Publicado no Amálgama: aqui 

Minha página no Amálgama: aqui

domingo, 12 de outubro de 2014

PRINCESINHA

troco

touch
p
e
l
o
cheiro

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Viviane C. Moreira em AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS

Mais: OUTROS DOIS

*Peça de Acácia Azevedo: Blog

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

OUTROS DOIS


onde você é você
eu sou eu
mas sou você
e sou você
- a partir de você -
onde você
sou eu

onde eu sou você
somos eu, somos você
onde não sou eu
- por causa de você -
eu sou você
e sou eu

onde não sou você
sou eu, mas sou você
- por você ser você -
sou eu
e sou você

onde você não é você
sou eu:
sou você:
você e eu
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Viviane C. Moreira em  AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS
*Peça de Ma Ferreira: aqui 

Mais: FACE & BOOK


*
De volta as postagens no AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS Toda sexta, um poema. Nesta sexta-feira, 3/10/14, estreia o poeta Cláudio Bento. E, na outra sexta, o poeta Eduardo Rennó.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

FACE & BOOK


eu verso com vc
vc não versa comigo
a gente não versa junto


eu finjo que te escuto
vc finge que me escuta
e não inventamos nosso bluesinho

eu falo mas vc não fala
- não quero ser seu fado –
esse papo de garota fálica já deu, repito

meu versinho simplesinho
- só queria vc bem facinho -
em off

mas bem que podia ter sido
(embora tenha sido)
uma prosa gostosinha

the face is on the table
the book is on the bed
e estamos conversados


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Viviane C. Moreira
Publicado em http://balaiodavivi.blogspot.com

Mais: SABED(O)RIA


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Violência

É o tema do ciclo Mutações de 2014 com curadoria de Adauto Novaes. Onde começa a violência? Não seria esta uma pergunta "da hora"- como se diz?

Dócil terrorista

As sociedades contemporâneas constituem-se de corpos inertes atravessados por um gigantesco processo de dessubjetivação aos quais nenhuma subjetivação real consegue responder. Daí, o eclipse da política que supõe sujeitos e identidades reais (o movimento operário, a burguesia etc.) e o triunfo da economia, isto é, de uma pura atividade de governo que não busca outra coisa a não ser a própria reprodução. Assim, direita e esquerda, que se sucedem hoje para gerir o poder, mantêm poucas relações com o contexto político de onde provêm os termos que as designam. Eles nomeiam simplesmente os polos da mesma máquina de governo, isto é, um que visa, sem o menor escrúpulo, à dessubjetivação; outro que quer recobri-la com a máscara hipócrita do bom cidadão democrático.
Daí, principalmente, a estranha inquietação do poder no momento em que se encontra diante do corpo social, o mais dócil e submisso da história. É, pois, um aparente paradoxo o fato de o cidadão inofensivo das democracias pós-industriais, que faz com zelo tudo o que se diz que se deve fazer e não se opõe aos gestos mais cotidianos – concernentes à sua saúde, suas possibilidades de evasão, suas atividades, sua alimentação, seus desejos etc. –, ser comandado e controlado por dispositivos os mais minuciosos e, ao mesmo tempo, ser considerado um terrorista potencial. 
Enquanto as normas europeias impõem a todos os cidadãos dispositivos biométricos desenvolvidos e aperfeiçoados a partir das tecnologias antropométricas inventadas no século 19  para identificar criminosos reincidentes (o que vai das impressões digitais às fotografias sinaléticas), o controle visual transforma os espaços públicos de nossas cidades em interiores de imensas prisões. Aos olhos da autoridade (e talvez com razão), nada se parece tanto com um terrorista quanto um homem comum.
(Giorgio Agamben, O que é um dispositivo?)

*

Mais: aqui.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

SABED(O)RIA

München - Münchner Hofgarten


saber
saborear
prazer
sem
dor

(sabor)


*Munique, agosto de 2014

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Viviane C. Moreira em AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS


Mais: MITTE

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

MITTE

Berlin - Spree


quase (tudo)
tarda
quase (nada)
acontece
o silêncio (dourado)
no concreto
anoitece
no instante (eterno)
do chardonnay
remo
na margem do (meu)
reno. entre
amores (perdidos)
amanheço
s.p.r.e.e.


*Berlim, 11/8/2014
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Viviane C. Moreira em AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS

Mais: 6 DA TARDE
 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Outros mares, outras marés

Van Gogh

O Balaio entrará em férias e suas atividades serão retomadas no final de agosto, pois "navegar é preciso".

Até logo mais!

sexta-feira, 4 de julho de 2014

De macaco a homem

Kimura Schetino


Na peça Relatório para uma Academia, um macaco se transforma em um homem europeu e nos conta seu processo de evolução, mas nos adverte que sua história é apenas um relatório. Preso numa jaula, ele observa os homens e passa a imitá-los. Não busca a liberdade, mas só uma saída. 


O que pode nos dizer o olhar desse macaco que observa os homens ao seu redor? O que nos diz o olhar observador de um macaco que busca uma saída? Talvez seu olhar  indague aos homens se eles também não seriam macacos - quem sabe?


Será que não somos muito macacos? Será que encontramos saída? Será que nos damos conta do nosso lugar em um teatro de variedades?
 

*

 
Texto de Franz Kafka
Direção e adaptação: Eid Ribeiro
Com Kimura Schetino

Em cartaz no CCBB/Belo Horizonte até 12/7/14
Mais informações: aqui

O conto "Um relatório para a academia" (Kafka, 1917): aqui

quinta-feira, 26 de junho de 2014

AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS 2014


Podemos inventar belos diálogos. Belos enredos. Belas cenas.
Podemos viver belas histórias. Belas narrativas. Belas palavras.
Podemos recriar o amor. Belos arranjos. Belas mentiras.
Podemos dar ao amor muitos nomes ou só um nome: o seu nome.
Podemos fazer o amor girar na gente. No tempo. No espaço.
Podemos deixar o amor dar voltas e mais voltas no ar.
Podemos pintar o amor com múltiplas cores.
Ou simplesmente, amar o amor em pedaços e versos.


*
Nas sextas-feiras são postados poemas que falam de amor, desejo e outras paixões no videbloguinho.  Vem com a gente que a prosa rende.

**
Quem participa do AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS: Aninha, Bruno, Fernanda, Fernando, Luska, Marina, Sabiá, Vânia e Viviane (poemas); Acácia Azevedo e Ma Ferreira (peças de cerâmica). E na próxima sexta-feira, Rai Medrado - músico, compositor e autor do belo cd Oriente, entre outros - estreia no AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS.

Idealizadora e coordenadora: Viviane C. Moreira.

***
Em JULHO, a partir da próxima semana, as postagens no AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS ocorrerão 2x por semana, nas terças-feiras e nas sextas-feiras, até 18/7/14. O videbloguinho entrará em férias e suas atividades serão retomadas em setembro.



sexta-feira, 20 de junho de 2014

6 DA TARDE


saudade semcheiro semsom sem cor
saudade semgos to sem cor po
saudade sem palavra
saudade que se estranha
saudade que não se sente 
saudade que é uma
saudade dentro deou t ra 
saudade
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Viviane C. Moreira em AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS
*Peça de Acácia Azevedo: Blog

Mais: SEGUNDA-FEIRA

***

No AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS conversamos sobre amor, desejo e outras paixões. Toda sexta, um poema novo é postado no videbloguinho.  E quem faz o AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS: eu, Aninha, Bruno, Fernanda, Fernando, Luska, Marina,  Rai, Sabiá e Vânia. 

Também gostamos de conversar com as peças de cerâmica de Acácia Azevedo e Ma Ferreira. Nada como uma boa prosa!

terça-feira, 10 de junho de 2014

Verde & amarelo

Agência QG7

Eu que não vou pedir licença pra ser o que sou: brasileira.
Pois sim. 
Já estou de verde e amarelo na plateia mais apaixonada do planeta!
Sou sim: b-r-a-s-i-l-e-i-r-a.
Sou como todos os brasileiros que amam o futebol.
Esta paixão quero ver quem nos tira.

Que venham as alegrias que merecemos.
Todas as alegrias que o futebol nos deu, nos dá e dará.
Todas as alegrias que nos tornam torcedores apaixonados.
Todas e mais todas as alegrias que nos marcam.
Todas as cores que nos tornam brasileiros.

Ora, ora, futebol não é política, pelo menos aqui no Balaio.
Malandro é o gato, mas  Zé Carioca vê tudo do alto.
Vamos lá, Brasil! Mostra sua face mais faceira!


*

Quem me vestiu de verde e amarelo foi a QG7
QG7 no Facebook: aqui

segunda-feira, 9 de junho de 2014

SEGUNDA-FEIRA


m e x e r i c a
suja do 
pomar 
em 
algum
lugar

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Viviane C. Moreira
Publicado em http://balaiodavivi.blogspot.com

*Peça de Acácia Azevedo: Blog

Mais: TOSCO

sexta-feira, 6 de junho de 2014

"Um poema de amor"

 
Sebastião Salgado - Gênesis


Para a arquiteta Lélia Wanick Salgado, curadora da exposição e mulher de Sebastião Salgado, Gênesis é "um poema de amor".

“Em vez de colocar os holofotes nas consequências da poluição e das alterações climáticas sobre a terra, o mar e o ar, ele nos oferece um poema de amor, com imagens que exaltam a majestade e a fragilidade do nosso planeta, retratando a beleza deslumbrante de um mundo perdido, que, de alguma maneira, ainda sobrevive. E essa beleza proclama: isso é o que está em perigo, isso é o que devemos salvar”.

"Serão apresentadas 245 fotografias, divididas em cinco seções geográficas, que irão mostrar, a partir do olhar sensível do artista, um dos fotógrafos mais celebrados do mundo, lugares ainda intocados do planeta: montanhas, desertos, rios, florestas, tribos indígenas, aldeias e animais em seu estado primitivo. Tudo formando um mosaico de celebração à natureza e à vida." 

A abertura mundial da exposição foi no National History Museum de Londres, em abril de 2013. De Belo Horizonte segue para Estocolmo.

*

A exposição ficará até 24 de agosto na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard e no Espaço Maris’Stella Tristão no Palácio das Artes. Entrada franca.
Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro.
De terça a sábado: das 9h às 21h.
Domingos: das 16h às 21h.
Informações: (31)3263-7400.

Mais: aqui


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Feitos de carne

Maxim Gorki Theater Berlin
 
O espetáculo  Draußen do grupo alemão Maxim Gorki Theater Berlin que se apresentou ontem no Festival Internacional de Teatro de Belo Horizonte (FIT- BH), no Teatro Francisco Nunes, trouxe reflexões muito interessantes sobre a atualidade. Entre elas: 

Que ordem é essa? 
Estaríamos todos vivendo numa ordem do foco que estabelece uma forma de viver e de "se dar bem" e a funcionalidade faria esta roda da ordem do foco girar.

Que corpo as mulheres têm hoje?
As mulheres estaríamos inseridas num ordenamento em busca de um corpo ideal  (dietas, malhação etc.) talvez porque não estejamos dando conta de dizer não à patrulha da boa forma. Haveria, no entanto, um outro lugar para a mulher ser ela mesma, fora e além de tantos padrões? Ou ela terá que se indignar muito para conseguir se tornar uma mulher fora de padrões?

O que as mães têm deixado para as filhas?
Será que as mães têm conseguido, como mulheres, deixar um outro tipo de ordenamento para as filhas? O que as mães têm deixado para as filhas, em termos de construção de uma subjetividade para além dos padrões?

Por onde anda o sentimento?
Os relacionamentos que vêm e vão cada vez mais rápido. As trepadas e mais trepadas logo, logo esquecidas. O sexo que, apesar das mudanças provenientes da conquista da liberdade sexual, continua sendo sexo e como tal permanece misterioso, um quarto escuro sobre o qual não sabemos dizer. As conversas que não chegam a ser conversas, mas mensagens trocadas  no celular (SMS). A falta de interesse em lidar com o sentimento.

Todas estas e outras questões que podem até nos levar a crer que o nosso problema é que somos feitos de carne!

*

Texto: Sibylle Berg
Direção: Sebastian Nübling
Com Nora Abdel-Maksoud, Suna Gürler, Rahel Jankowski e Cynthia Micas 

Mais: aqui

quarta-feira, 14 de maio de 2014

FIT BH 2014

Grupo Berliner Ensemble (Alemanha)

Em cena, desde 6/5/14, no palco e na rua, o Festival Internacional de Teatro - FIT - com atrações nacionais, internacionais e locais.

Oportunidade para (re)ver Hamlet de Shakespeare, em montagem do grupo Berliner Ensemble, criado por Bertolt Brecht em 1949.

Oportunidade para ver peças que estão ou estiveram em cartaz em outras cidades, como Cine Monstro com Enrique Diaz.
Oportunidade para conhecer mais o trabalho de vários grupos de teatro locais, como O Líquido Tátil do Espanca!
E muito mais...

Mais informações: aqui


Ingressos à venda no Mercado das Flores na Av. Afonso Pena, das 9h às 19h, somente em dinheiro. O valor dos ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia). Também podem ser comprados pela internet: aqui


Página do FIT-BH no Facebook: aqui


domingo, 27 de abril de 2014

Em nome do emprego

Débora Falabella e Yara de Novaes


Contrações, peça do inglês Mike Bartlett, com Débora Falabella e Yara de Novaes (Grupo 3 de Teatro) traz reflexões sobre o lugar que o emprego ocupa nas nossas vidas.

A relação entre gerente e funcionária expõe facetas do ambiente corporativo na atualidade. Excesso de poder assegurado em contrato de trabalho e sujeição marcam a trajetória infeliz da funcionária que, embora não quisesse se transformar numa mulher como a sua gerente, não tinha escapatória.

A que se sujeita hoje, ainda que amanhã mude de lugar na empresa e venha se sentar na cadeira da gerente, permanecerá numa posição de sujeição. Ainda que a funcionária transfira poder para sua gerente e, consequentemente, entre elas se estabeleça uma relação de dominação, ambas não têm saída.

Talvez, no futuro, a funcionária ocupe o mesmo lugar da gerente que controla sua sexualidade - a que domina também foi dominada. Sendo assim, em algum canto da feminilidade, elas se tornam a "mesma" mulher.

*

Texto: Mike Bartlett
Tradução: Silvia Gomez
Direção: Grace Passô
Com Débora Falabella e Yara de Novaes


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Violência contra a mulher

 
Realizado na sede da AMAGIS, em Belo Horizonte, em 31/3/2014, seminário para debater o "Papel do Judiciário no combate à violência contra a mulher".

O seminário iniciou-se com um vídeo da Ministra Carmen Lúcia (STF) em que comentou sobre as dificuldades pelas quais ela e outras mulheres passaram para se afirmarem na magistratura em um tempo em que não bastava as mulheres serem iguais aos homens; elas tinham que ser muito melhores do que eles.

Após, a abordagem sobre a violência contra a mulher foi feita por meio de depoimentos de juízas e desembargadoras.

Algumas falas (anotações minhas) para reflexão:

"A violência contra a mulher não é só contra a mulher, mas contra a família toda."

"É preciso que as Varas de Família e as da Lei Maria da Penha atuem conjuntamente."

"O agressor precisa ser tratado."

(Desembargadora Heloísa Combat - Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar - COMSIV)

*

"A população espera do Judiciário mais articulação e integração com outros poderes e com a sociedade. Juiz só legalista não funciona no que se refere à violência. É preciso que o Judiciário atue antes da agressão."

(Juíza Valéria da Silva Rodrigues - Vara da Infância e Juventude de Belo Horizonte)

*

"Quem atua em Direito de Família sabe que o conflito muitas vezes não é jurídico."

"A mediação é um trabalho interdisciplinar (com assistentes sociais, psicólogos) que ajuda a restaurar a família. Restaurar é curar."

(Juíza Andréa Barcelos Ferreira Camargos Faria - Comarca de Divinópolis)

segunda-feira, 31 de março de 2014

O silêncio de Nawal


Incêndios

A personagem Nawal (Marieta Severo) na peça Incêndios (Wadji Mouawad), em um momento da vida, se cala. De uma hora pra outra, Nawal fica em silêncio. Os filhos não entendem por que a mãe parou de falar e se ressentem com seu silêncio.  

Não conhecemos a relação de Nawal com seus filhos, mas percebemos que entre eles há um abismo selado pelo silêncio. A dor do silêncio afasta ainda mais filhos e mãe. 

Os filhos não conheciam a história da mulher que se tornou mãe deles. Nawal nasceu e cresceu na guerra. Amou e foi amada. Desejou e foi desejada. Sabia o que era o amor e aprendeu o que era o ódio. Engajou-se na luta. Entrou na guerra. Viveu a vida que tinha para viver com o que a guerra rouba da existência. Foi além das mulheres do lugar onde nascera e aprendeu ler e escrever. Ensinou crianças e mulheres a ler e a escrever. Também aprendeu cantar. Assim, quando não podia falar, cantava.

Eles, os filhos, não sabiam que mulher Nawal era. Descobrem-na depois que ela parte e lhes deixa a sua voz: um testamento em que eles teriam que cumprir o que ela lhes pedia. Morta, Nawal rompe o silêncio.

Como a riqueza da peça está na história e, sobretudo, no modo como ela é contada, não vou desvelar o silêncio de Nawal. Sua história é para ser escutada. Entretanto, para além da beleza da peça, interessa o silêncio da mãe que os filhos aprendem escutar. E, no lugar de testemunhas, nós, espectadores, também escutamos o silêncio de Nawal.

Depois do teatro, o silêncio da personagem nos acompanha. Por que escutar seu silêncio num mundo poluído de vozes e de ruídos? Quantos mistérios o silêncio pode guardar? E quantas revelações estamos dispostos a suportar?

Em casa, escutamos o silêncio do outro? A correria da vida que justifica nossa falta de atenção com o outro que amamos, de certa forma, nos faz terceirizar a cumplicidade silenciosa da intimidade. Muitas vezes, um terceiro nos revela algo de quem amamos e com quem vivemos. Segredos não partilhados. Histórias não contadas que conhecemos por intermédio de um terceiro que narra algo sobre aquele com quem estamos juntos - será que estamos mesmo? 

E na rua? Quando falamos, defendemos o quê? Será que defendemos a dignidade, a nossa e a do outro? Será que nos calamos quando teríamos que falar? E falamos quando teríamos que nos calar? Por que, cada vez mais, falamos tanto e não dizemos nada?

Quando Nawal fala, ela defende a dignidade. Quando se cala, protege o amor. Dignidade e amor. Voz e silêncio. Palavra e gesto. Tecidos do humano. Talvez o silêncio de Nawal nos indague: e vocês, por que se calam?

*

Dramaturgia: Wajdi Mouawad
Direção: Aderbal Freire-Filho
Com Marieta Severo, Felipe de Carolis, Keli Freitas, Márcio Vito, Kelzy Ecard, Fabianna de Mello e Souza, Isaac Bernat e Júlio Machado
Tradução do texto: Ângela Leite Lopes


sábado, 29 de março de 2014

TOSCO

Rebbeca Corradi
Foto: Miguel Aun
 
 
um
foco
sufoco
oco
 
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Viviane C. Moreira
 
Mais: QUÍMICA


sexta-feira, 28 de março de 2014

Arte & encontro


Espanca!


Para que serve a arte? Se a arte é para todos, quem, no entanto, se permite encontrar-se com o desconhecido? Com o não definido? Com o não sabido? Com o não explicado?

Quem topa experimentar a arte como uma descoberta? Quem acolhe a potência dessa descoberta no corpo e nos sentidos? Afinal, quem se entrega a um encontro tátil com a arte? Com o assombro do desconhecido em si mesmo?

O que esconde aquele que se faz de crítico? O que ele não quer experimentar pela arte?

Estas são algumas reflexões a partir da peça O Líquido Tátil, do grupo Espanca! que comemora 10 anos em 2014. A peça integrou o Verão Arte Contemporânea (VAC) deste ano.

*

Texto e Direção: Daniel Veronese
Com Grace Passô, Gustavo Bones  e Marcelo Castro
Tradução do texto: Gustavo Bones


Mais sobre a peça: aqui