terça-feira, 18 de outubro de 2022

A criança e o Édipo

 Aquele que entende (1934) - Paul Klee.

Édipo, o condenado da família dos Labdácidas, do grego "Oídipous", que significa pés inchados. Quando nasceu, Laio, seu pai, amarrou os tornozelos do bebê para que fosse sacrificado e o entregou a Jocasta, sua mãe, que por sua vez o entregou a um pastor para que este o abandonasse nos precipícios do monte Citéron. Entretanto, o pastor confiou o bebê a outro pastor que o entregou a Pôlibo, rei de Corinto, que se tornou seu pai. Pôlibo e Mérope o receberam como um presente dos deuses, e o amado bebê foi educado como um príncipe. Quando adulto, um rumor sobre sua origem o perturbou e, então, Édipo partiu para Delfos para consultar o oráculo. Soube que mataria seu pai e desposaria sua mãe e, desejando afastar a maldição de si, deixou Corinto. Guiado pelas estrelas, foi para um lugar distante de seus pais adotivos, mas, em uma encruzilhada, onde não havia passagem para todos, encontrou Laio, vindo de Tebas e indo para Delfos. Houve uma briga e Édipo matou Laio. Depois, seguiu para Tebas. Na entrada da cidade, havia um ser que a guardava, era macho e fêmea, a Esfinge, que desafiou Édipo com um enigma logo decifrado por ele. Édipo se casou com Jocasta, e Tebas, governada por ele, foi libertada; seus cidadãos, unidos pelo rei. Com Jocasta, Édipo teve quatro filhos: Etéocles, Polinices, Antígona e Ismênia. Dos filhos, foi pai e irmão.

 
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O complexo de Édipo está na origem da estruturação psíquica das famílias e na passagem à cultura. Opera-se na relação da criança entre a mãe e o pai. Este tem uma função de interdição que impõe um limite na relação entre a mãe e o filho, para que o filho possa fazer sua passagem para o desejo. O limite do pai para a mãe e para o filho se inscreve como lei simbólica no psiquismo de cada sujeito e, assim, a Lei simbólica funda todas as leis.
 
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Recorte do texto da minha monografia Guarda compartilhada e parentalidade: uma construção social. 
 
Um diálogo entre Direito, Psicanálise e Arte, a partir do qual o instituto da guarda compartilhada é proposto como uma contribuição aos sujeitos na parentalidade e à constituição da criança como sujeito desejante e sujeito de direito.
 
Pós-graduação em Direito de Família e Sucessões. 
 
Coordenadores: Daniela Mucilo e Rodrigo da Cunha Pereira.

Orientador: Professor Ronny Max Machado.

Instituto Damásio de Direito - IDD.
Faculdade IBMEC - São Paulo.

(2022)

 

 

terça-feira, 11 de outubro de 2022

A criança e o seu corpo


Claude e Paloma desenhando (1954) - Picasso.
  
O sujeito de direito é sujeito desejante é sujeito de linguagem é sujeito do inconsciente e tem um corpo. Não nasce sujeito. Como bebê, depende totalmente dos cuidados da mãe, ou de quem a substitua; cuidados que satisfaçam as suas necessidades. Nas trocas de cuidados no corpo a corpo entre a mãe e o bebê, há o olhar, a voz, o tato, as palavras que se constituem como traços que deixam marcas no corpo do ser que ainda não é sujeito. Para se constituir sujeito, o bebê precisa de um lugar no desejo dos pais. Embora o bebê não seja um sujeito, ele é suposto como tal e, embora não fale, também é suposto como sujeito de linguagem. A mãe, ou alguém que se encarregue dos cuidados com o bebê, a partir de um desejo singular, acolhe o bebê no seu desejo, acolhe um suposto sujeito e, assim, vai interpretando o corpo, as vivências e suas produções, estabelecendo com ele uma relação em que se opera a transmissão da linguagem.

O corpo freudiano não é um corpo organismo. É um corpo pulsional. A articulação entre o corpo do bebê e a palavra é realizada pela mãe, ou por quem a substitua, podendo ser, por exemplo, o pai solo. Para Lacan, essa é a "função materna". O bebê humano é lançado no mundo da linguagem, embora não tenha ainda um corpo que ele reconheça como seu, mas seu corpo se constrói a partir das experiências nas trocas de cuidados com a mãe e com o pai; assim, a sexualidade entra em cena desde o começo da vida.

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Recorte do texto da minha monografia Guarda compartilhada e parentalidade: uma construção social. 
 
Um diálogo entre Direito, Psicanálise e Arte, a partir do qual o instituto da guarda compartilhada é proposto como uma contribuição aos sujeitos na parentalidade e à constituição da criança como sujeito desejante e sujeito de direito.
 
Pós-graduação em Direito de Família e Sucessões. 
 
Coordenadores: Daniela Mucilo e Rodrigo da Cunha Pereira.

Orientador: Professor Ronny Max Machado.

Instituto Damásio de Direito - IDD.
Faculdade IBMEC - São Paulo.

(2022)
 


quinta-feira, 28 de julho de 2022

Famílias: guarda e parentalidade (Sumário)

 

Sumário - (Arquivo pessoal)
 

Guarda compartilhada e parentalidade: uma construção social.

Título da monografia em que faço um diálogo entre Direito, Psicanálise e Arte, para pensarmos na guarda compartilhada como uma contribuição à parentalidade e à constituição da criança como sujeito desejante e sujeito de direito.

O sumário com os principais itens cujos temas foram desenvolvidos em três capítulos: A criança entre a mãe e o pai, Pais e filhos e Entre pais e filhos.

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Coordenadores da Pós-graduação em Direito de Família & Sucessões: Daniela Mucilo e Rodrigo da Cunha Pereira.

Orientador: Professor Ronny Max Machado.

Instituto Damásio de Direito - IDD.
Faculdade IBMEC - São Paulo.

(2022)


sábado, 18 de junho de 2022

Famílias: guarda compartilhada (Resumo)

 

Resumo - (Arquivo pessoal)


Guarda compartilhada e parentalidade: uma construção social é o título da minha monografia da Pós-graduação lato sensu em Direito de Família e Sucessões com a coordenação de Daniela Mucilo e de Rodrigo da Cunha Pereira no Instituto Damásio de Direito - IDD - Faculdade IBMEC - São Paulo.

O tema foi desenvolvido a partir do diálogo entre Direito, Psicanálise e Arte, para que possamos pensar na guarda compartilhada como uma contribuição no exercício da parentalidade e na constituição da criança como sujeito desejante e sujeito de direito.

Orientador: Professor Ronny Max Machado.

São Paulo (2022).

segunda-feira, 18 de abril de 2022

Famílias: guarda compartilhada e parentalidade

Capa - (Arquivo pessoal)


Uma contribuição para pensarmos a guarda compartilhada e a parentalidade na perspectiva de uma construção social. 

Um diálogo entre Direito, Psicanálise e Arte.


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Coordenadores da Pós-graduação em Direito de Família e Sucessões:
Daniela Mucilo e Rodrigo da Cunha Pereira.

Orientador: Professor Ronny Max Machado.

segunda-feira, 21 de março de 2022

sábado, 5 de março de 2022

UM SONHO DE CARNAVAL



eu carregava o trabalho de um colega para entregar na universidade 
o trabalho caiu inteiro no chão como se fosse um dente
não era de cimento o chão era de terra 
na verdade era de areia eu olhava pra areia pro vento pro lugar 
para meus pés isso olhava para aquele lugar 
o trabalho estava na beira de um rio de águas escuras 
havia se partido em dois 
uma parte com imagens e outra parte com palavras
porém as imagens se desprenderam das palavras glup 
e essa parte caiu no rio não consegui salvar nem uma imagem sequer 
na verdade nem tentei  
vi que essa parte não era metade da outra era mesmo uma outra parte 
só com palavras e peguei essa parte e limpei a areia 
que havia grudado um pouco e ficou tão bonita assim 
depois de ter entregado o trabalho dele e o meu 
sim entreguei o dele e o meu fui à casa dele 
contar o que tinha acontecido 
então a mãe dele me recebeu e falou que ele não estava etc. 
etc. 
ah então tá não seremos amigos fui embora mas não sei o que houve
voltei àquela casa e xinguei a mãe todinha e xinguei mesmo como nunca havia xingado uma mãe loura que só lava o cabelo no salão


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Viviane Moreira
um sonho de carnaval em balaiodavivi.blogspot
:: série fim do mundo ::

domingo, 6 de fevereiro de 2022

UMA CIDADE

 


talvez uma cidade com ruazinhas alegres estivesse em mim antes mesmo de possuí-la com meus pés não sei essas coisas a gente nunca sabe volta e meia essa cidade vem em meus sonhos em imagens ou com seu nome ela vem com o som do seu nome ou somente com as letras que se juntam e formam o seu nome ou com as letras que se separam e formam outros nomes em geral letras formam palavras que viram outras palavras que não se cansam de virar outras e talvez depois dessas coisas das palavras possa existir dentro da gente pelo menos uma cidade com ruazinhas alegres

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Viviane Moreira

uma cidade em balaiodavivi.blogspot

:: série fim do mundo ::

domingo, 2 de janeiro de 2022

BRANCOS EM COPACABANA

 


Montparnasse, uma palavra comprida como Copacabana, mas nunca vem fácil como Copacabana.

As imagens do lugar vêm e o lugar vem com a força dos livros desde quando a palavra ressoou em mim pela primeira vez.

Um professor do direito, que adorava prova oral, dizia que o branco era coisa de aluno que não estudava. Como assim? Prova oral é só uma prova.

Acontece de a gente saber exatamente em que livro a palavra está e em que parte do livro ela está e a gente até sabe por que a palavra está lá, mas ela não vem.

Por exemplo, Montparnasse está nas obras de Simone de Beauvoir. Lembro-me da palavra em uma obra do Hemingway - citado por Simone como uma influência - e conheço Montparnasse, não toda, com meus próprios pés, mas quando preciso dela, ela não vem. Dá branco.

As leituras, as paisagens, as ruas, o vivido ou o sonhado estão submersos no meu branco. Estão ali em um lugar que vai para o semblante do outro.

Sim, o branco é meu, no entanto, está no outro que me olha com a textura da mancha do branco.

Por que uma palavra escolhe aparecer pra gente no branco?

Não sei, mas pensei em reler A força da idade - capa dura - da Simone, claro.


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Viviane Moreira

brancos em copacabana em balaiodavivi.blogspot

:: série fim do mundo :: 

imagem: Avenida Atlântica - Rio de Janeiro