sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

"O teatro é uma grande brincadeira"



Entrevista no videbloguinho.

Uma prosa com o ator Clóvis Domingos sobre teatro, sonhos, mentiras... Hamlet não ficou de fora, claro. O teatro pode nos ajudar nas questões relacionadas com o ser e o não ser? O teatro é mesmo a "arte política por excelência" - como disse Hannah Arendt em A condição humana? Teatro e divã combinam? Por que devemos ir ao teatro, desde crianças?

Link: Uma prosa com o ator Clóvis Domingos.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Normatividade já!

Parece ser este o grito de pais, mães e filhos. A normatividade hoje se confirma cada vez mais uma necessidade. Ou representa "o grande desejo" (como diz Elisabeth Roudinesco em A Família em Desordem) na atualidade? Ironicamente, um desejo de ordenamento em contraponto ao desejo de liberdade dos anos 1970. Por que clamamos por normatividade hoje em dia? Qual o papel que ela desempenha na vida privada, onde supostamente não precisaríamos tanto dela assim?

A psicanalista Inez Lemos no artigo Família e função social*, comentando sobre separações "mal resolvidas" que afetam os filhos, muitas vezes usados pelo pai ou pela mãe na vingança de um contra o outro, toca nessa questão.

* * *

"Vários fatores contribuem para a separação dos casais. A insegurança nas relações se ampliou tanto no contexto afetivo como social. Que amanhã nos espera? O desafio está em descobrirmos saídas que não nos oprimam. No fundo da questão, há a ideia de felicidade, que, contaminada pela lógica economicista, vicia o olhar da família. A anatomia das relações afetivas, quando envolve pais e filhos, revela distorção nos valores e na forma de conceber o mundo. Outrora, filho representava orgulho, era visto como o herdeiro de um nome, alguém que daria continuidade ao legado familiar.

A questão financeira era tratada de forma discreta e se restringia ao âmbito da família. Não era comum contabilizar os custos da educação da prole - hábito que hoje se tornou corriqueiro. Como podemos desejar jovens menos interesseiros se os educamos mais voltados para a conta bancária que para a conta da satisfação? Se o sentimento que cultuamos é o da competição, de levar vantagem a qualquer custo, como podemos esperar posturas generosas e amigáveis na hora em que eles, já casados, resolvem se separar?

A educação para o sucesso é um dilema ético para algumas famílias e instituições educacionais. Muitos pais exigem a educação patrimonialista calcada na desigualdade social e na prevalência do privado sobre o público. Algumas escolas justificam que aboliram do currículo o debate sobre cidadania por julgar relevante focar apenas nos conteúdos cobrados no vestibular. Espelhados no imaginário que circula na arena política, quando domina improbidade, e atentos aos rumos que a sociedade vem tomando, há pais confusos e questionando a educação embasada nos nobres princípios de honra e honestidade. (...)

Na verdade, o dilema ético é falso, pois o sujeito que cresceu cultuando valores, como honestidade e respeito à coisa alheia, sabe que postura e caminho abraçar. (...) Como repensar a família e a escola num contexto social e político esgarçado? Todo discurso necessita de um sujeito que o sustente. Não existe subjetividade avulsa, autônoma. A subjetividade, aquilo que expõe a conduta humana, constitui-se como efeito de discurso e de significantes. E, ao se promover no laço social, coloca o sujeito articulado aos pais e aos significantes. Família, escola e política - como desarticulá-las dos significantes de desonestidade e enriquecimento ilícito?

A lógica centrada na usura, no ideal de progresso material, no ganhar e vencer a qualquer custo, respinga nas famílias. Assim posto, é de se esperar que alguns casais, ao se separar, tenham condutas de revanchismo e vingança, cada qual marcando território e poder. O Estado, por meio da Justiça, só é convocado quando fracassa a ética na família - casais em que impera o espírito de competição e não de cumplicidade e colaboração. Resistente e ressentido com a separação, o parceiro inicia o processo de chantagem e manipulação. Sem escrúpulo usa o filho em sua jornada de vingança, colocando-o contra àquele que pediu a separação. Nesse momento, os adultos, seja o pai ou a mãe, agem de forma infantil e inconsequente. Pais magoados e rancorosos destilam ressentimentos sobre os filhos. Quando envolvem vinganças e condutas perversas, separações provocam sofrimento psíquico nos filhos, comprometendo seu futuro.

A questão não está na separação, mas no despreparo do indivíduo para enfrentar perdas e frustrações. Ninguém gosta de perder. A sensação de desvantagem, embora avassaladora, é da condição humana. O sentimento de preterido pelo outro é cruel. Essa dor nos derruba, deixando-nos com gosto de morte na boca. Com a alma seca, mendigamos afeto e amparo. Perder é se ver cara a cara com os limites da vida.

É importante lembrar que, para a criança não existe pai ou mãe ruim, ambos são queridos e devem continuar merecedores de um lugar no coração do filho. Cabe à mãe instituir o pai ao filho, é ela que o apresenta a ele, portanto, a imagem que o filho tem do pai é constituída enquanto tal pela palavra da mãe. Contudo, muitos pais não poupam os filhos e os envolvem na pletora de brigas e revanchismos. A separação de casais, por envolver crianças no conflito, é questão que o direito de família trabalha na interface com a psicanálise.

Ao reforçar a importância do direito na defesa dos interesses das famílias e na proteção dos direitos dos filhos, aplaudimos a Lei da Alienação Parental, que pune os responsáveis pelas crianças - mãe, pai, avós - que agirem desqualificando e dificultando o contato do menor com um dos responsáveis. Lembramos que o direito do filho ao carinho dos pais é inalienável."


*Fonte: Estado de Minas, Pensar (19/2/2011) p.3.

Mais: entrevista com Inez Lemos; Marx e a subjetividade.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

CANTIGA CIGANA


Laila Kierulff*
Foto: Miguel Aun.




um

homem

foi

embora

sem

olhar

para

trás;













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Viviane Campos Moreira em AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS
Postado em videbloguinho.

*Modelagem - queima em alta temperatura.
Catálogo cedido por Liege Mendes.

Mais: O ENCANTO DA MULHER DO DESERTO.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Menores migram na criminalidade em BH

Segundo "estatísticas do Setor de Pesquisa Infracional (Sepi) da Vara de Atos Infracionais da Infância e da Juventude de BH*, em 2005, 485 adolescentes foram apreendidos na capital por tràfico e 347 por uso de entorpecentes, totalizando 832 casos. Em 2009, as apreensões por uso saltaram para 1.908 e por tráfico, para 1.868, somando 3.776 ocorrências - aumento de 350%.

O CIA-BH (Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato-Infracional de Belo Horizonte)não concluiu a tabulação dos dados de 2010, mas números parciais, de janeiro a setembro, mostram que 1.741 adolescentes foram apreendidos por tráfico e 1.107 por uso de drogas, total de 2.848 registros. (...) Em 2005, eles foram apontados como autores de 145 assassinatos na capital. Em 2009 responderam por 43 homicídios, queda de 70,3%. Embora bem menos expressiva, houve redução nos roubos, de 984 para 846 (14%).

De acordo com a juíza Valéria da Silva Rodrigues (Vara de Atos Infracionais de BH), a migração dos menores dos crimes violentos para o tráfico de drogas se deve a vários fatores. O principal: a integração entre as forças policiais, o judiciário e o Ministério Público, que nos últimos anos resultou na prisão de muitos traficantes. Com isso, segundo a magistrada, os menores tiveram que substituí-los no comando dos pontos de venda de drogas da capital, embora continuem recebendo ordens dos chefes. Também se deve a outras políticas de segurança pública na capital, como a instalação das câmeras do sistema de monitoramento eletrônico Olho Vivo. 'Os meninos estavam sendo pegos pelo Olho Vivo, que coibiu principalmente os furtos'.

Por que o tráfico atrai adolescentes infratores?

Para o sociólogo Luís Flávio Sapori, coordenador do Centro de Pesquisas em Segurança Pública da PUC Minas e ex-secretário-adjunto de Estado de Defesa Social, a falta de programas de geração de renda para os menores contribui para que eles sejam aliciados para a venda de entorpecentes, passando a se envolver menos em outros crimes. 'Essa migração reflete a consolidação do tráfico em Belo Horizonte, principalmente de crack. Os adolescentes não estão preocupados em ganhar dinheiro para sobrevivência ou sustento da família, mas para manter o consumo e adquirir seus bens'.

Segundo a juíza Valéria da Silva Rodrigues, 90% dos menores envolvidos no tráfico recebem o pagamento em droga. 'Eles vão consumir ou revender sua parte. Descobrem que, trabalhando para o tráfico, ganham fixo, muito mais do que na rua, e estão mais protegidos. Na rua correm um risco muito maior de serem presos e não sabem quanto vão lucrar com o furto ou roubo'.

Dados da Vara Infracional do Juizado da Infância e Juventude de BH sobre idade (do autor) e infração (tipo) confirmam que aos 15 anos, a infração mais comum é a rixa; aos 16 anos, a pichação; dos 15 aos 17 anos, uso de drogas, tráfico de dorgas, furto, dano e desacato; aos 16 e 17 anos, roubo, ameaça, vias de fato e lesão corporal; aos 17 anos, homicídio, tentativa de homicídio, porte de arma e receptação.

*Fonte: jornal Estado de Minas de 13/2/2011, Gerais, p.25 e p. 27.


Mais: Do vazio da pedra à fantasia.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O ENCANTO DA MULHER DO DESERTO



Toshiko Ishii*
Foto: Miguel Aun.



sou uma mulher simples da terra
sei bem da vida ligeira que me leva
não me dobro ao sofrer

quando nasci era uma
quis essa vida matreira que eu fosse outra
hoje sou muitas

sou ser de alma larga, luz e sombra todo o tempo,
às vezes aperto o passo e me esqueço
que o tempo é senhor do viver

tive amor bom, amor mau
amor de se perder
amor de não se esquecer…

quem é do deserto acolhe o amor sem queixume
pena que o amor é danado de teimoso e zombeteiro
- quem pode com ele?

por isso
vou pra onde soprar o vento
sem pejo nem lamento

de mãos vazias, alma agasalhada e pés curtidos
aprumo meus ânimos
e sigo o seu canto

vou no rastro do que é meu
no rumo que me leva a mim
quero em mim o que ainda não sou:

ventania


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Viviane Campos Moreira em AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS.
Postado em videbloguinho.

*Queima em forno à lenha tipo Bizen.
Catálogo cedido por Liege Mendes.

Mais: MUTAÇÕES.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Alma gêmea, sei!


Desenho de Marcelo Bittencourt.




Toronto.
2011, Feb.


Minha adorável amiga brazuca me contou, por e-mail, que foi a um centro espírita, com duas amigas descoladíssimas nesses assuntos.

Ela ficou sabendo que reencarnação é coisa muito séria e sem garantia alguma de melhora. O espírito de Hitler, por exemplo, numa outra vida, não foi nada cool e quando reencarnou e teve a sua segunda chance... foi Hitler! A nobilíssima Joana d' Arc, em vidas anteriores, foi ninguém menos que Judas Iscariotes. Mas o que mais a impressionou foi saber que alguns poderosos foram em outras vidas também poderosos, poderosíssimos. Napoleão foi César e assim perpetuou o aforismo: “a César o que é de César.”

Empolgadíssima com as historietas de quem foi quem, ela pensou: aposto que eu fui uma daquelas ninfas da mitologia grega; aqueles seres encantadores que alegravam os deuses, curavam os doentes, abençoavam os amantes. Pensou delirante: posso até me ver entoando cantos, gentilmente, aos amantes. E ela, efusiva, imaginando-se na sua missão, concluiu: puxa vida, tenho que reconhecer, não fui boa, mas perfeita! Como eu soube inspirar amor e sacanagem - combinação nem sempre possível.

"- Será que eu fui Cleópatra"? Sussurou, em seu ouvido, sua amiga.

“- Claro que sim. NÓS fomos Cleópatra! E para o nosso consolo, a Demi Moore não deve ter sido - seria marmelada demais pro meu gosto.” - respondeu minha amiga.

Indagaram: “Alguém pode ser bonzinho numa vida e ser mau, muito mau, em outra vida?” “Pode uma pessoa alcançar um grau elevado de conhecimento e vir, em outra vida, um ser mediano, talvez até burrinho?” A palestrante disfarçou a saia justíssima e, com firmeza, respondeu: “Sim, é possível, por causa do livre arbítrio.” - contou-me minha amiga, com certa gravidade.

A cabecinha inventiva de minha amiga disparou: Ah, de uma coisa eu tenho certeza, rã eu não posso ter sido nem aquelas coisinhas branquelas que vivem grudadas no teto, olhando pra gente de cima, debochadas, como se... ih, será que lagartixa, um dia ops!, numa outra vida, foi um ser dotado de razão e conhecimento? Será que por isso elas ficam do alto zombando da gente? Quando não despencam sobre a nossa cabeça; sentença do Além? - pensou.

Com sua farta imaginação, minha amiga torceu para que as histórias chegassem às alcovas imperiais de Roma. “Revelações de fontes não-oficiais poderiam ser feitas sobre quem comeu quem, ou quem ficou louco para comer alguém, mas morreu na vontade... imagina?” Disse-lhe que não acreditei que ela ficou pensando nisso, mas não cheguei a censurá-la, pois fomos feitos de carne e osso porque um homem e uma mulher fizeram sexo – e não ficaram só na vontade. Confesso, no entanto, que fiquei curiosa pra desvendar se a rainha do Egito, a bela forasteira que arrebatou o coração do disputado cidadão romano, Marco Antônio, teria sucumbido mesmo à mordida de uma cobra... Mas, pensando bem, os mitos merecem o casulo silencioso dos grandes mistérios.

Contou-me que muitas pessoas faziam perguntas e que lá havia mais ou menos umas 80 pessoas, "se bobear, umas 100!" – crianças, jovens, adultos, idosos, gente que vai lá há mais de uma década; pessoas que saem do trabalho, moram longe, cruzam a cidade pra lá chegar; vão de ônibus, metrô, carona, à pé, mas não deixam de ir. Casados, solteiros, viúvos, divorciados, pessoas querendo tomar outro rumo, ou que ainda não o encontraram...

Algumas leituras sobre traumas e amarras de vidas passadas, e muitos nós foram explicados pela dinâmica da causa e efeito “que vale mesmo pra hoje, pra esta vida, right now! sobretudo para o amor que podemos dar e receber, senão haja vida pra saldar tantos desatinos”, advertiu-me minha amiga.

Às 21h, o momento do Pai Nosso. As pessoas se uniram pra rezar, calaram-se e pediram conforto e amparo para os doentes terminais, pra quem sente frio nas ruas, para os famintos – já que a fome tem muitos nomes - para as pessoas desassossegadas por doenças, aflições, perdas e, ela me disse entusiasmada que, naquele momento, todos se uniram numa corrente de fé e esperança, como se os mundos imaginados por cada uma daquelas pessoas fossem apenas um.

Minha amiga me perguntou, com muito jeito, se eu acreditava em alma gêmea. Respondi: Of course not!

Prosseguiu: “Pois é. Esse negócio de alma gêmea é uma roubada. Nonsense. Não quero ser dona da verdade nem deselegante e nem passa por minha cabeça desmantelar o seu dominó de verdades, com outra desvelada pela palestrante - caso você acredite em alma gêmea ou esteja procurando a sua... Melhor mesmo esquecer esse papo de alma gêmea, pelo menos, nos são abertas outras possibilidades pra vivermos um grande, ou médio, ou pequeno amor, sei lá, um amor simples, quem sabe...

Anyway, o que sei é que essa amizade eu preservo com gosto. Seria pouco razoável deixar passar a reencarnação de um espírito amável como esse. Ainda bem que me especializei em literatura brasileira - será que isso significa alguma coisa? Oh my!


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Rose F. Jones
Postado em Balaio da Vivi.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

MUTAÇÕES


Regina Meirelles*
Foto: Miguel Aun.



mudar também é preciso:
deixar passar


suavidade


pra saborear nova temporalidade;
jeito outro de olhar e
sentir e
existir


saudade


com gosto
do que não se viveu: calor novo
não o mesmo: outro


suspirar


pelo o que está por vir
e virá


sorrir


ao velho ao novo
ao passado além do doce do amargo
ao presente que escurece passado
ao que fica: passageiro



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Viviane Campos Moreira.

Postado em videbloguinho.

*Queima em alta temperatura - com sgraffito.
Catálogo cedido por Liege Mendes.

Mais: DAMA DA NOITE.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Aniversário do videbloguinho!

Hoje.
Mais um ano do videbloguinho,
meu blog de poesia crônicas causos belas lorotas.
Hoje, 2 de fevereiro. Dia de festa na Bahia...
Dia de Iemanjá,
hoje.

videbloguinho: Canto para Iemanjá.