quem você pensa que é
pra me torturar sem nenhum glamour
com o que você pensa que eu penso sobre você
com o que você pensa que eu penso sobre nós
com o que você pensa que eu penso sobre o que eu não penso
com o que você pensa que eu penso mesmo quando eu não penso
quem você pensa que é
pra me devorar devagar, mas sem disfarce algum;
seu sedutor de segunda
seu sedutor de meia-tigela
seu sedutor de meia noite
seu sedutor de festim
você não é o George Clooney, meu bem
tampouco o velho bêbado da esquina;
o homem da barba encardida que fede, que cospe, que escarra
e fala sozinho dia e noite pra não esquecer que foi amado
quem você pensa que é
pra dosar sem cor, em conta-gotas, a música
que eu suspiro
que eu mereço
que eu preciso
que eu quero
quem você pensa que é
pra consumir em banho-maria, sem vergonha, sem humor
minha espera
minha agonia
minha entrega
minha confissão
você não é o Heinrich Blücher, meu bem
o titereiro anarquista que fez Hannah Arendt sorrir
- títere é o doido da padaria que esbraveja, que xinga, que se rasga
e suplica de volta a ternura da puta de seu delírio
quem você pensa que é?
Bentinho?
(e eu? Capitu?)
Bentinho?
(e eu? Capitu?)
pobrezinho
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Viviane Campos Moreira em AMOR EM PEDAÇOS & VERSOS
Publicado em videbloguinho
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