segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Mondrian, bem perto

Piet Mondrian

Exposição com obras de Mondrian que mostram seu percurso até chegar às cores primárias (vermelho, azul e amarelo) com as quais passou a trabalhar. Além de suas obras, há também as de outros artistas do Movimento de Stijl. Uma exposição que possibilita muitos olhares e reflexões.

Será que temos inventado no nosso dia a dia o tempo para a obra? A parada no cotidiano para poder estar com a obra? Para poder estar com o outro em um quadro?

Será que temos acolhido o tempo da obra? O tempo que levamos para casa para estar novamente com a obra?

Será que temos prestado atenção no percurso do outro e no nosso? No percurso do artista até ele chegar àquele quadro que o consagrou? Como ele se tornou o artista daquelas cores? Como ele começou seu percurso? A partir de quê? Quais eram os interesses dele, em termos de pesquisa? O que ele foi experimentando? 

Será que temos prestado atenção na história da vida do outro e na nossa?  Na vida do artista? Ele veio de que família? Como era sua família? Que ordem ele precisou transgredir para se tornar artista? Quais foram suas estratégias?

Será que nosso olhar de espectadores tem prestado atenção nas fases de quem hoje somos? Nas fases do artista? Com o que ele rompeu na sua arte para que ela pudesse se tornar cada vez mais a arte dele? O que era dele, mas ele deixou para trás?

Será que nossos olhos e ouvidos de espectadores têm prestado atenção na nossa linguagem? Na linguagem do artista? O que Mondrian foi pondo na sua obra em termos de linguagem? Ele pôs música nos seus quadros? Ele pôs o silêncio? Como? Onde?

Será que temos prestado atenção no outro que não é artista? E, embora não seja, tem também um percurso? Uma história? Quem sabe esse outro, apesar de não ser artista, possui uma narrativa transgressiva? Reconhecemos no percurso do outro a transgressão? Respeitamos sua narrativa transgressiva?

Será que temos dado conta de olhar mais para a gente mesma do que para o outro? Será que temos dado conta de rever o que temos experimentado na vida, em termos de invenção e de transgressão? Será que temos dado conta de assumir uma narrativa transgressiva? Em nome de quê?

Uma exposição inteligente, bela e interessante. Pode suscitar muitas outras reflexões para além da sua beleza.

*

Obras procedentes (a maior parte) do Museu Municipal de Haia - Holanda.
Curadoria de Pieter Tjabbes, Benno Tempel e Hans Janssen.
No Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB.
Em Belo Horizonte, até 26/9/2016
Entrada franca.

Mais: aqui

:)

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