segunda-feira, 8 de abril de 2013
MAU-OLHADO
sua insônia veste de morte sua alma
quebrantada de maus agouros e
malogros;
a noite desterrou seus sonhos e seus abrigos
(caboclo
gosta de ti)
sorrateira
embrenhou-se na rede dos seus ódios e
na bainha de seus medos de menina
- a mente mente, de noite e de dia
(caboclo
custa dar jeito)
sua cara de santinha do pau oco
não esconde mais a fúria dos seus rancores
nem o seu sorriso de boneca de cera
empana seu ácido desespero
(cara de pau
pedra
mandinga raivosa,
fia)
quisera muito da vida em tempos
[de pouca fartura
pensara que sua fome engolia a fome do mundo
- que nada,
a miséria tem muitos nomes
(caboclo
acha graça)
olhava pela janela as coisas do mundo e
não se queimava por elas
eram só clamores de um mundo distante;
ruídos sem sentido algum
(caboclo
zomba de ti)
querer muito da vida não é vergonha
pai e mãe têm pouca serventia
na trama ardilosa do destino
sempre à espreita, caladinho
(cara de pedra
sabão
mandinga raivosa,
fia)
a vida nos grotões de sua ânsia
endureceu feito carne congelada
agora, repousa amarga na soleira
[dos seus assombros
- pra que tanto tino, moça tinhosa?
(caboclo
sente por ti)
angústia é sombra perseguidora
cobre a gente igual espinho e
trapaceia e engana
mais que pé de curupira
(cara de sabão
pipoca
mandinga raivosa,
fia;
do
céu
cai
lágrima
doce
pra
ti;
formosura
de muié
água rega
e ladrão
não leva)
__________________________________
Viviane C. Moreira
Publicado na e-revista Mucury n. 9: aqui
*Peça de Ma Ferreira: Blog
Mais: P&B
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário