Debora Lamm
Medeia chega até nós, espectadores, e diz que precisa ser escutada.
Uma estrangeira com febre que não nos poupa das suas próprias contradições. Também não nos convoca a nos posicionarmos a favor de seus argumentos ou contra eles.
O mito está entre nós e fala da condição feminina hoje. Através do tempo, Medeia conversa com a mulher, para além da maternidade. Medeia aponta para a potência do indomável. O indomável capaz de mudar a história. É mesmo o destino o que damos o nome de destino?
Caberia às filhas de Medeia se indagarem a respeito do "pai". Quem é o "teu pai"? Aquele que faz as leis e a justiça para todos? Numa sociedade marcada profundamente pela ausência do pai real, esperar pelo "pai", esse que vai trazer a justiça, a igualdade e direitos seria mesmo o destino de suas filhas?
Caberia às filhas de Medeia se indagarem a respeito do "pai". Quem é o "teu pai"? Aquele que faz as leis e a justiça para todos? Numa sociedade marcada profundamente pela ausência do pai real, esperar pelo "pai", esse que vai trazer a justiça, a igualdade e direitos seria mesmo o destino de suas filhas?
O mito conversa com cada uma de nós, mulheres do século XXI. O mito febril no teatro, um dos melhores lugares para se estar com ele e com a sua voz.
De acordo com a autora Grace Passô, o estupro, o aborto e a naturalização da ausência do pai seriam hoje três tragédias na construção social das mulheres.
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Mata teu pai, espetáculo da Cia OmondÉ.
Com Debora Lamm.
Texto de Grace Passô.
Direção de Inez Viana.
No Sesiminas, em Belo Horizonte, dias 24 e 25 de março.
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